Bacafá

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quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Contos de quinta - Cigarros.


O silêncio imperava entre os dois, apesar da música alta na boate. Muita gente, muitos risos, muitas palavras desconexas perdidas, muita bebida, pouca luz. As pessoas dançavam, circulavam, acotevelavam-se, falavam.

Ele olhava para ela. O vestido preto, curto e justo e sua mente se misturavam. Ela segurava o copo com uma mistura alcóolica qualquer e também olhava para ele. Apenas os olhos conversavam.

- Quer fumar?

Ela anuiu com a cabeça e os dois saíram da boate pela porta dos fundos (ele conhecia os donos do lugar e os seguranças, que não criaram nenhum empecilho). A porta dava diretamente no estacionamento a céu aberto. Encostaram-se em um carro e ele acendeu o primeiro cigarro. O dela.

Quando foi acender o seu, viu um cara com uma jaqueta de couro e algo que parecia uma arma apontada para cima correndo na direção deles. Largou o cigarro e o isqueiro e puxou-a para baixo. Já era tarde.

- Passa a carteira.
- Calma, calma... já passo.

Ela ficou no chão, sentada abraçando as próprias pernas, imóvel, olhando pra porta do carro. Ele foi se levantando devagar. Tenso, quase sem respirar. A arma apontada para seu rosto.

- Calma, calma... sou advogado, não precisa se preocupar...
- Advogado?
- Sim.

O cara respondeu um “bom” longo e baixo e esboçou um sorriso conciliador. Ele, vendo a feição do cara, então respirou e relaxou. Os ombros até baixaram, o pescoço desenrigeceu.

Ouviu-se apenas o estouro da bala no cérebro dele, que caiu sem vida na poça d’água. Ela continuou sentada, abraçada as suas próprias pernas, imóvel, de olhos fechados.

4 comentários:

Anônimo disse...

Maravilha!!! Estava com saudades!!!

Kauana disse...

Eita!! Tava com saudades dos contos de quinta!

jean mafra em minúsculas disse...

quando o "você sabe com quem está falando?" sai pela culatra.

adorei.

Denise disse...

Sempre surpreendente! Não fique mais tanto tempo sem escrever, tá? Grande abraço.